domingo, 7 de julho de 2013

E se o escotismo terminasse amanhã, quem vai sentir a nossa falta?

Somos um movimento, o que significa que precisamos estar em constante movimento. O mundo não se adapta ao escotismo, o escotismo que precisa se adaptar ao mundo. Já dizia Baden-Powell que “progredir é conservar melhorando”. E esses são apenas alguns dos motivos pelos quais sou a favor do novo vestuário, a atualização do traje. A nossa roupa pode até mudar, mas a essência do escotismo continua a mesma.


Por isso volto a pergunta inicial desse post, quem vai sentir a nossa falta, caso de um dia para o outro não existirmos mais? Vale uma grande reflexão sobre o que estamos fazendo, onde queremos chegar e como tornar isso possível. As vezes até podemos saber a resposta sobre essa pergunta, mas ficamos na dúvida com medo de parecer pessimista. Porém, antes de ser pessimista, talvez a resposta seja mais realista do que gostaríamos que fosse. Essa reflexão aborda inúmeros itens, um deles é o vestuário. O assunto do texto que segue  Aos que são contra, a favor, têm duvidas, o texto é longo, mas é mais uma opinião sobre um assunto que deve estar sendo tratado em quase todos os Grupos Escoteiros pelo Brasil. Aos que tiverem interesse, boa leitura.

Nesse final de semana tive a oportunidade, e responsabilidade, de apresentar o novo vestuário dos Escoteiros do Brasil para aproximadamente 70 escotistas do Ramo Escoteiro do Rio Grande do Sul. Confesso, durante a semana estive preocupado. É um assunto ‘polêmico’, com prós, contras, defensores, hatters, muita gente com dúvida e precisando de inúmeros esclarecimentos. Montei uma apresentação contando a história do processo de atualização do traje escoteiro (o azul mescla para o novo vestuário) e escolhi sete pontos específicos para tratar:


- Atualização do Traje
- Ferramenta de Comunicação
- Consolidação de Crescimento
- Mais qualidade, resistência, conforto
- Se aproximar da realidade do jovem
- Novo momento dos Escoteiros do Brasil
- Orgulho Escoteiro

E fiz comparações, que além de uma simples comparação, é um exemplo a ser seguido do que a Associação Escoteira da Inglaterra vem fazendo nos últimos anos e os Escoteiros do Brasil também vêm implantando em nosso país. Desses sete pontos vou falar apenas de um deles aqui: “Novo momento dos Escoteiros do Brasil”.

A pergunta inicial do post foi feita pelo Presidente da Região Escoteira do RS, Márcio Sequeira, durante a conversa com os escotistas no Erescot, e também sábado no Encontro de Lideranças do Ramo Pioneiro, ambos realizados na sede regional dos escoteiros em Porto Alegre. Ele fez essa pergunta em um contexto de conversa que, além da dúvida, nos faz um desafio: precisamos de um ponto de virada para continuar o escotismo no Brasil. Explico.

O que fazemos hoje é bom e bem feito, disso não temos dúvidas. Porém, será que nos mantendo assim iremos garantir o futuro do movimento pelos próximos 40, 50, 100 anos? Sigo a mesma linha de pensamento desse desafio, precisamos de um ponto de virada, algo relevante, uma mudança importante, algo que nos faça voltar a ser importante, reconhecidos, que nos dê mais e mais orgulho em ser escoteiro e com isso fazer o nosso movimento crescer e amadurecer.

O novo vestuário, a atualização do traje, pode ser esse momento. Estamos vivendo um novo momento dos Escoteiros do Brasil. A roupa que usamos não é o único motivo, muito menos a única solução, mas já é um caminho. A Inglaterra fez isso, e agora explico um pouco dessa história que, repito, devemos seguir como exemplo. Se hoje somos escoteiros é porque eles começaram em 1907, acredito que haja credibilidade na Associação Inglesa para tentarmos seguir os mesmos passos, adaptando-os a nossa realidade.

Nesse vídeo aqui (www.tinyurl.com/scoutsuk2018) eles explicam a visão da instituição para 2018. Mostrando o trabalho realizado ao longo dos últimos dez anos, 2002-2012. E o vídeo começa da seguinte maneira: (esse é o texto do vídeo até o min 2’12 para quem não quiser ver o vídeo – obs: coloca carregar e assiste depois)

“O mundo se move, o escotismo ficou parado. Era tempo de ação, de mudanças. Mudamos nossa imagem e o jeito que faziamos as coisas. Introduzimos um novo uniforme, um novo programa e um novo sistema de formação de adultos. Nossa liderança foi renovada e oxigenada. Nós ficamos melhores na forma que fazemos o escotismo, um melhor apoio aos voluntários, com ferramentas onlines, apoio na programação e cursos à distância. E não vamos esquecer o Centenário do Escotismo e o 21o Jamboree Mundial. Demonstrando ao mundo que o escotismo é motivante e relevante. Mas nada disso foi acidente, foi parte de uma visão que nos levaria até 2012. O que tem acontecido? Nós temos crescido. Atraindo mais adultos e jovens. Os jovens assumiram a liderança, tem tomado um grande papel na tomada de decisão em nível local e nacional. Os Jovens Correspondentes são o rosto e a voz do escotismo. A Rede de Jovens têm proporcionado um excelente programa. Estamos mais focados e temos mais destaque do que nunca. Como um movimento, nunca temos receio de falar para nós mesmos. Somos relevantes e engajados nas questões que afetam a sociedade atual. O escotismo tem se tornado muito mais diversificado. Nos últimos dez anos, mais comunidades encontram no escotismo, oportunidades, atividades e expertise. Agora, uma nova visão de escotismo: levando-os até 2018.”

Agora aproveito para fazer as observações da nossa realidade e que possam perceber que estamos no caminho certo.

Se levarmos em conta a questão inicial do post, mais o tema tratado “o vestuário como um novo momento dos Escoteiros do Brasil”, concordam que estamos em um tempo que precisamos de ação, de mudanças? O traje está sendo atualizado agora, o programa já foi feito, as lideranças foram oxigenadas – veja os 10 anos da Rede de Jovens, ferramentas online de apoio ao voluntário existem (habemus SIGUE, mesmo que com conexão difícil). Sobre as atividades, iniciamos os Mutecos, Mutcoms, agora iniciam os Oasis, novos meios de aprimorar a aprender cada vez mais a fazer aquilo que sabemos fazer de melhor, que é servir ao próximo. Tivemos um quinto Jamboree Nacional, já nos preparamos para o sexto em janeiro de 2015, teremos uma atividade Interamericana no final desse ano. Estamos no ano do Centenário do Escotismo no RS, no final do ano tem o Moot. Inúmeras oportunidades de mostrarmos a nossa motivação e relevância.

E nada foi acidente, foi uma visão, um planejamento que levou até esses resultados em 2012. Agora pergunto: você conhece o Planejamento Estratégico dos Escoteiros do Brasil, com as metas que devem ser alcançadas até 2015? Seu Grupo possui Planejamento Estratégico? Possui Plano de Grupo?

OFF: talvez escoteiros, seniores, guias que estiverem lendo esse texto não entendam muito essa parte, sem problemas, mas se você é pioneiro, escotista ou dirigente, acesse esses links aqui para conhecer mais sobre o que estou falando:

Planejamento Estratégico www.tinyurl.com/planejamentoueb

Ao final dessa explicação o video afirma que, graças a essas mudanças, eles cresceram. E cita exemplos como a Rede de Jovens e o seu programa (que no Brasil são três princípios de trabalho: Aplicação do Programa, Institucional e Social). Cita os Jovens Correspondentes que nos representam na mídia (no Jamboree Nacional de Foz e no Mundial da Suécia havia Jovens Correspondentes, na semana passada foi publicado um documento no site nacional falando sobre representação na mídia www.tinyurl.com/escoteirosnamidia). Esses são apenas alguns exemplos de que estamos no caminho certo.

Não devemos ter o ‘receio de falar para nós mesmos’, avaliar nossas ações, admitir nossos erros, buscar soluções, progredir, conservando e melhorando como dizia Baden-Powell. Hoje mesmo falando sobre o vestuário uma escotista comentava “porque em 1993 quando introduziram o traje azul nos fizemos as mesmas perguntas e agora novamente” a única coisa que pensei foi “em 1993 eu tinha um ano de vida…” entende agora porque falei sobre a liderança renovada e porque passei a semana tenso e preocupado com essa apresentação? Haha, ainda bem que deu tudo certo, faltava aos presentes esclarecimentos, e acredito que isso tenha sido feito na medida do possível.

E para finalizar, quando eles falam “nos últimos dez anos, mais comunidades encontram no escotismo, oportunidades, atividades e expertise”, é a deixa que falta para repensarmos o escotismo e assim nos tornarmos mais focados e relevantes. E dessa maneira, caso a gente suma de um dia para o outro, a comunidade realmente tenha motivos para sentir a nossa falta.

E essa parte do vídeo termina falando: “Agora, uma nova visão de escotismo: levando-os até 2018.” Eles já pensam em 2018. Aqui ainda estamos “presos” em pensamentos de 1907. Por isso que defendo o vestuário, defendo a ideia de um novo momento do escotismo no Brasil. Temos a opção de seguir esse caminho que vai nos levar a um novo patamar, ou nos manter no que basicamente somos, mas que nos fazem ter dúvidas de onde queremos chegar no futuro. O escotismo é lindo, amo tudo o que faço aqui e acredito que qualquer um que tenha chegado até aqui também pense assim.

Volto de um final de semana como esse, com atividades do Ramo Pioneiro e do Ramo Escoteiro, mais motivado, mais oxigenado, com a mente mais aberta ainda, e com essa dúvida da pergunta inicial na cabeça e esse desafio de encontrar o ponto que precisamos para melhorar a fazer o que já fizemos ao longo desse século. Um desses pontos considero o vestuário, por isso a defesa incansável pelo mesmo. Quem chegou até aqui e quiser comentar, ou apenas curtir e compartilhar, sinta-se a vontade e obrigado pela leitura!

Sempre Alerta para Servir e fazer o Melhor Possível!
Gabriel Rodrigues