quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O QUE EU APRENDI - escoteiros

Esse é o grande vídeo da semana. A repórter do Jornal da Band, Marina Machado, fez um gravação sobre escotismo, vamos aguardar, e como de costume nas suas matérias fez um vídeo no youtube contando mais sobre a experiência. Desde o domingo, dia 16, em quatro dias o vídeo já esta chegando nas 2,5mil visualizações. Só hoje foram 500. Vídeo esse muito bom, que ela fala coisas sensacionais, e fala muito bem, mas... sempre tem um mas.

 


O que eu andei pensando depois de ver o vídeo pela primeira vez ontem a noite, e agora lendo os comentários e a repercussão, é em especial sobre o público escoteiro. Hm, como dizer, tipo, digamos... onde a gente erra? e porque nos contentamos com tão pouco?

Erramos em um sentido também humorístico da situação, afinal quantos já se viram em uma situação de ter que explicar "o que é escotismo? o que o escoteiro faz?" e em meio a tantas coisas que a gente pode falar, acaba não saindo nada. E nos contentamos com pouco, explico, não é sempre que a gente consegue material de destaque na mídia, isso é fato. E mesmo que alguns mais hatters só saibam culpar pessoa A ou B, ou equipe A ou B, não é culpa apenas do escotismo. Jornalismo em si não noticia coisa boa, milhares de avião pousam e decolam levando ajuda humanitária e familiares se reencontrando todos os dias, mas aquele que deu problema vira notícia. Milhares de adultos voluntários trabalham em prol da juventude no Movimento Escoteiro, mas aquele que é acusado de abuso sexual vira notícia. Infelizmente é assim. Ainda não existe um "jornal de boas notícias" que ganhe espaço no horário nobre dos canais de TV, então em meio a tanta tragédia, e coisa ruim, temos que disputar espaço com milhões de outras notícias boas que acontecem no Brasil e no mundo. Assim é o jornalismo, assim é a vida. Não precisa ser estudante, jornalista, ou trabalhar com comunicação para perceber isso.

Acredito que é válido a auto crítica em dizer que erramos sim na comunicação escoteira, ou se ao menos não erramos, engatinhamos e não conseguimos crescer. Em nível nacional melhorou e muito, ENIC e Escritório Nacional levaram a comunicação da instituição a outro nível de poucos anos atrás. Particularmente tenho me envolvido há cerca de três anos, e além de ajudar é notável a chance de aprendizado. A nível regional, cada estado tem a sua realidade, aqui no RS não é mentira dizer que, infelizmente, todo ano a ERIC bomba em um período e depois morre. Nesse momento é quase como um coma induzido, mas tem cura. E em nível local, ai sim o contexto e a realidade de cada um é que irão nortear os caminhos que seguem a comunicação. Existem Grupos em cidades menores do interior que conseguem espaço na mídia com muito mais facilidade, ou então tem pessoas no Grupo que trabalham na área ou tem conhecimento do funcionamento. O famoso eu conheço alguém, que conhece alguém, que conhece um cara que trabalha no jornal.

E essa mídia não é apenas o jornal, TV, rádio local, mas a começar pelo site da própria Região que está pronto e a serviço dos Grupos, como um site, blog, fanpage do próprio Grupo, e para isso funcionar precisamos de pessoas capacitadas nos Grupos e Distritos. Uma equipe regional sozinha, seja de cinco ou vinte pessoas, dificilmente consegue saber o que acontece em uma região escoteira. E note que estou falando de comunicação, que é um assunto mais de 'segundo plano' no escotismo, do que se comparado a programação de acampamento e aplicação do programa. Digo isso porque aqui no RS, estado com muito acesso a informação escoteira, ainda existem pontos com adultos usando POR de até duas versões atrás da que existe hoje. Ou seja, nesse sentido, falar em comunicação externa é um passo muito grande para o homem chegar a lua, se nem ao menos conhecemos a realidade da nossa própria terra.

Voltando ao vídeo da Marina, tudo o que ela fala é o que talvez a gente sempre quis falar, mas por falta de treinamento ou oportunidades não o fez. Treinamento me refiro ao treinamento de mídia para jovens e adultos - como responder perguntas, como se portar na TV, a formação de jovens correspondentes que em outros países funciona muito bem, cursos de comunicação mais abrangentes e mais voltados ao nível local - que ensinem como escrever notícias, como convencer o jornalista de que a atividade do seu Grupo deve aparecer no jornal. Inúmeras ações a serem desenvolvidas, e que existem pessoas capacitadas para fazerem isso. Porém temos um calendário cheio, a área não recebe tanto interesse dos adultos e jovens como poderia receber, é complicado organizar eventos e ter quórum mínimo, desafios que o próprio escotismo coloca para si. E enquanto não resolvermos cada um desses desafios, é mais prático observar o que acontece, esperar que comunicadores caiam do céu, lidar com a verba pequena, ou inexistente, reclamar do que é feito (sempre tem quem reclame), e seguir fazendo um trabalho de formiguinha, para não dizer quase amador no sentido de dar maior relevância para o escotismo. Amador? Produzimos material de muita qualidade, mas que dificilmente ultrapassa a barreira do próprio público escoteiro.

E ao nos depararmos com esse vídeo fantástico da repórter da Band, ao ver pelos comentários do pessoal, é como se os escoteiros fossem os Minions e a Marina o Gru. Uuuuuóóóóó (leia como um minion) E oportunidade como dito antes, é também ter conhecimento de como fazer, e isso não tem como cobrar do público escoteiro. Afinal, ninguém é obrigado a saber comunicar. A oportunidade pode estar em enviar o release, a notícia, para o jornal da sua cidade; em o jovem gravar vídeos como o da Marina, simples e direto, e postar no seu canal do youtube - PC Siqueira e Felipe Neto ficaram famosos assim, não é difícil; em saber quem são as pessoas da Equipe Regional de Comunicação do seu estado, e como fazer para enviar notícias, receber apoio; oportunidades existem ao monte, resta saber enxergar elas e agarrar quando elas aparecerem.

O meu MAS do início do texto, é esse momento de que um vlog de uma jornalista tem ganhando uma repercussão, merecida, enorme do público escoteiro. MAS, tantas outras coisas existem e são feitas e porque não conseguimos também ter mais jornalistas falando como a Marina sobre como é maravilhoso o escotismo? OU, porque mesmo já sabendo, por nossas próprias experiências, de que tudo o que ela disse é verdade, ficamos tão felizes com algo tão simples como o óbvio de que ser escoteiro é bom? É como se a Marina, e o seu vídeo em especial, tivessem caído do céu para reforçar nosso espírito e orgulho escoteiro. Não sei vocês, mas eu acho muito engraçado. Toda e qualquer demonstração de orgulho de ser escoteiro eu sempre acho engraçado.

No ano passado fizemos duas publicações voltadas ao tema de orgulho escoteiro na fanpage dos EscoteirosRS, e foram até então, as duas de maior alcance até hoje, algo de 15mil pessoas, e acredito não haver ainda outra que supere. Porém, as duas publicações não dizem nada. Nada, porque agora penso e falo como um jornalista que se depara com essas publicações, "Olha, escoteiros felizes demonstrado seu orgulho. Como posso usar isso no meu jornal?" Talvez use pela audiência que vai trazer, duvido que a Marina esperasse que o vídeo em QUATRO DIAS, fosse o sexto mais visto do seu canal, e que vai aumentar, em um canal com sete anos de existência. Enquanto imagens e textos de orgulho escoteiro BOMBAM, notícias de projetos - quando ficamos sabendo - são esquecidas e contém pouca interação nas redes sociais. Nesse ponto que quero chegar ao tratar do MAS sobre o vídeo no início desse texto, eu, você, escoteiro, jovem, adulto, valorizamos realmente o que importa de divulgação do escotismo? Vale pensar. Com a experiência de equipes de comunicação eu digo, tentamos fazer o melhor possível.

;)

Alguns links legais:
Representando o Movimento Escoteiro
Dicas para site de Grupo Escoteiro
Manual de Mídia Escrevendo Notícias
O que um Escoteiro faz? - EscoteirosRS
Brincando de Super-Heróis - EscoteirosRS

Nenhum comentário:

Postar um comentário